Manhã de Natal. Poucos companheiros compareceram à nossa habitual
reunião no jardim público da nossa cidade. Como o nosso amigo idoso e sábio não
compareceu, fui até a sua casa. A porta estava apenas encostada, e como eu chamei
e não obtive resposta, entrei de mansinho. Atravessei uma sala mobiliada com
simplicidade, e pela porta aberta de um pequeno quarto sem mobiliário, vi meu
amigo sentado em posição de meditação.
Resolvi sair, sem fazer barulho, quando ouvi
a sua prece e parei, magnetizado. Vou tentar reproduzir para você o que
escutei:
“Amigo Jesus de Nazaré. Mais um Natal se
apresenta em nosso calendário e os homens continuam egoístas, violentos e
guerreando entre si. Pouco entenderam a Sua maravilhosa missão. Ainda O
procuram num presépio ou com os braços abertos, pregado a um cruz. Hoje
comemoram o Seu Natal, e mais alguns meses estarão homenageando o Senhor Morto,
para depois festejar a ressurreição, sem compreendê-la.
Quando, Mestre, os homens terão fraternidade
entre si e compreenderão que Deus não criou classes sociais privilegiadas?
Quando os homens aprenderão a dividir, espontaneamente, o que pensam que é seu?
Sabe, Jesus, li o Evangelho de Lucas e
fiquei a meditar na frase angustiada do Evangelista: ”...e não havia lugar para eles”. Examinei a hospedaria do seu
coração e sinto que já existe um pequeno espaço para o seu nascimento.
Lembrei-me de um evangelista moderno, que escreveu num livro os diferentes
momentos e lugares que nasceu para Pedro, Paulo, Zaqueu, Madalena e outros.
Recordei o momento de intensa dor em que nasceu em meu coração. Foi aquele
momento que surgiu a minha religiosidade, a compreensão dos porquês da vida.
Por isso, oro enternecido pela paz do mundo”.
Saí, sem fazer barulho, e quando já estava
quase na porta de saída, ouvi sua voz dizer para mim: vai com Deus, escritor. A minha paz voz dou.
O texto acima, foi extraído do livro: A minha Paz vos Dou...,
de
Amilcar Del Chiaro Filho.
Este grande
trabalhador, que sempre superou suas limitações e já retornou para a pátria. O abnegado
divulgador espírita, era portador do bacilo que provoca a hanseníase. Enfrentou
o preconceito da sociedade, trabalhou pela igualdade e pregou o evangelho de
Jesus. Lutou sem armas e em silêncio pela PAZ, deixando-nos enriquecedoras
mensagens gravadas em seus programas da Rádio Boa Nova (1450 AM) e em seus
livros.
“Que a paz de um
bom trabalhador esteja sempre com você Amilcar!”
Claudia B.F.
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