Meu Pai
Hoje, como ontem,
ainda tentam me prender.
Amigos me traem.
A lição do amor
ainda não foi compreendida por meus irmãos na Terra.
Muitos ainda
preferem a guerra, a acusação, a culpa, a separação e o ódio.
Será que eles não perceberam
que eu morri de braços abertos na cruz?
Por que acusar,
julgar e punir, se podemos entender, perdoar e amar?
Quanto sangue ainda
vai ser derramado?
Quantas vidas ainda
se perderão pelo desejo de supremacia, quando eu ensinei que o maior dentre
todos é aquele que serve?
Pai amado!
Ainda me sinto
triste ao saber que meu amor será preso e crucificado novamente.
Choro lágrimas de
suro e sangue ao ver nações guerreando entre si, ao ver filhos matando pais, ao
observar lares esfacelados pelo egoísmo.
Sofro ao enxergar
homens do poder governando no interesse próprio, em detrimento de milhares de
criaturas, que estão morrendo sem as mínimas condições de sobrevivência.
O amor continua
dependurado na cruz, Pai!
Pai querido, a
minha maior tristeza, porém, não é ver todas essas coisas sendo cometidas por
homens que ainda não se tornaram meus amigos. A maior dor é ver que meus amigos
não estão vigiando comigo, tal qual aconteceu no Jardim das Oliveiras. Amigos
que já me conhecem, que pronunciam meu nome, que pedem o meu socorro, que sabem
e ensinam aos outros as minhas lições, mas que continuam omissos diante de tanto
desamor na face da Terra!
Eu não desejo que
eles sejam heroicamente assassinados na cruz, como eu, mas que eles não matem o
amor em suas vidas. Que não abafem o amor em seus relacionamentos, em seus
lares, em suas profissões e nos templos de fé onde buscam o conato com o alto.
Sabe, Pai, o que eu
gostaria mesmo é que meus amigos crucificassem o egoísmo que ainda carregam na
alma. Esse egoísmo é o que os deixa frios, insensíveis, orgulhosos, não
permitindo que o amor cresça e os faça felizes.
Eu oro a ti, Senhor,
para os meus amigos que estão frios no amor, estão distantes, formais demais,
vivendo uma espécie de amor asséptico, inodoro e insosso. Que eles despertim
para o amor que é caloroso, cuidadoso e que tenha o perfume da fraternidade.
Pai amado, vejo os
guardas se aproximarem outra vez!
Lá vêm eles querendo
me prender novamente!
Onde estarão meus amigos, Pai? Onde estarão?
Acorde-os, por favor...
Parte da mensagem "Vigiem Comigo", retirada do livro "O amigo Jesus", de José Carlos de Lucca.